ARROUYO,
Miguel; Educação de jovens - adultos: um campo de direitos e de
responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GEOVANETTI, Maria; GOMES, Nilma;
(org.). Diálogo na educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica,
2005.
Resenhado por Vanessa da Costa Leite
A análise crítica do texto abordado de
autoria de Miguel Arroyo intitulado Educação de jovens – adultos: um campo de
responsabilidade pública tem como objetivos abordar as principais
características e transformações da educação de
jovens e adultos no Brasil, direcionado aos pesquisadores da educação, acadêmicos e pessoas em formação que buscam uma opinião crítica da temática apresentada pelo autor que é formado em Filosofia e Teologia no Instituto Hispanoameri-cano de la Universidad Complutense de Madrid, Graduado em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG), Mestre em Ciências Políticas pela FAFICH/UFMG, além de PHD em Problemas Políticos da Educação pela Stanford University, na Califórnia, Estados Unidos.
jovens e adultos no Brasil, direcionado aos pesquisadores da educação, acadêmicos e pessoas em formação que buscam uma opinião crítica da temática apresentada pelo autor que é formado em Filosofia e Teologia no Instituto Hispanoameri-cano de la Universidad Complutense de Madrid, Graduado em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG), Mestre em Ciências Políticas pela FAFICH/UFMG, além de PHD em Problemas Políticos da Educação pela Stanford University, na Califórnia, Estados Unidos.
Sendo
a temática esclarecedora ao nos mostrar que o campo da educação de jovens e
adultos percorre uma longa historia até aqui, porém, um campo ainda aberto a
todo cultivo e onde vários agentes participam, apesar disso, um olhar
precipitado nos dirá que as marcas da historia do EJA são marcadas pela
indefinição, voluntarismo, campanhas emergenciais e soluções conjunturais, o
que não deixa de em parte ser verdade, sendo essa análise do texto um dos
requisitos avaliativo da disciplina do 5º semestre do curso de Pedagogia:
Fundamentos Teóricos e Metodológicos da educação de jovens e adultos,
ministrado pela professora mestre Danielli Dias.
Neste
texto Miguel Arroyo percorre distintas concepções históricas em que a EJA tinha
o seu caráter educativo negado, que via nesses sujeitos a falta da escola e
buscava suprir, suplementarmente, as ausências que a escolaridade havia
provocado. Para além dessa perspectiva reducionista, o autor repõe a concepção
da EJA, lastreada pelo movimento de educação popular, como direito a uma
educação que deve partir dos jovens e adultos como sujeitos coletivos e que
leve em consideração os conhecimentos, as memórias, os saberes e as identidades
construídas ao longo de determinado ciclo de vida. São, enfim, sujeitos
coletivos, que reclamam o direito à escolarização e questionam quando esse
direito é empobrecido e reduzido a uma dimensão meramente escolar.
Contudo,
nota-se que apesar dos avanços a sociedade continua a se preocupar e querer
tomar a frente da obrigação do estado, os movimentos sociais em prol da
educação de jovens e adultos, pelas associações, sindicatos entre outros tem
isentando muitas vezes o estado de cumprir o seu papel no que diz respeito a
execução das propostas voltadas para a educação de jovens e adultos, apesar
delas terem hoje um trato mais profissional.
De acordo com Miguel Arroyo os
jovens e adultos que buscam se inserir na educação de jovens e adultos são
pessoas que por décadas o olhar escolar os enxergou apenas em suas trajetórias
escolares truncadas: alunos evadidos, reprovados, defasados, alunos com
problemas de frequência, de aprendizagem, não concluintes da 1ª e 4ª series ou
da 5ª a 8ª. Para ele com esse olhar escolar sobre esses jovens - adultos, não
avançaremos na reconfiguração da EJA.
Nessa
perspectiva, os jovens e adultos não podem continuar sendo vistos como alunos
com carências escolares que não tiveram acesso a educação em idade propicia,
precisa-se de um olhar mais cuidadoso pra esses que na sua maioria são
trabalhadores em busca de uma melhoria na sua qualidade de vida e de sua
família, pessoas que não precisam apenas de uma segunda oportunidade, mas que
lhes garantam sua dignidade e cidadania, se apossando do que lhe é de direito:
a educação, a saúde, segurança etc.. No entanto, em sua maioria vivem a margem
das decisões políticas e sociais de sua própria comunidade, sendo assim,
responsabilidade pública oferecer-lhes uma educação que respeite suas
peculiaridades e valorize sua identidade cultural e social.
A
educação de jovens e adultos nas políticas públicas, segundo o autor Miguel
González Arroyo diz: nas ultimas décadas, a responsabilidade do estado avançou
nas áreas em que a educação foi reconhecida como direito: o ensino fundamental
de sete a 14 anos... e os outros tempos não são também tempos de direito?
O
Estado tem se silenciado ao decorrer dos anos em vários aspectos educacionais,
tem deixado de olhar às várias modalidades da educação entre elas a EJA. Fica claro que o estado pouco tem investido
nessa modalidade de ensino em especial, pois não se quer pessoas esclarecidas,
com senso crítico e voz dentro da sociedade, haja vista que isso se
configuraria uma ameaça à manutenção dos detentores do poder. Hoje a educação
de jovens e adultos vai muito além de se ensinar a ler e escrever, estamos
falando de consciência critica, capaz de tomar decisões plausíveis dentro da
sociedade capitalista e excludente em que vivemos, onde educar esses jovens e
adultos é construir armas de destruição para quem estar e quer permanecer no
poder.
Acredita-se
que somente através da luta coletiva por esses direitos é que se pode pensar em
uma educação de qualidade para essa população que infelizmente vive a margem da
sociedade. Por todo contexto de luta por melhoria da educação, a EJA não pode
esperar pacificamente pelos seus direitos da cidadania a luta sempre fez e sempre
fará parte da trajetória de busca pela dignidade de todos os envolvidos no
processo educacional dessa modalidade de ensino.
Entende-se
com a historia da educação de jovens e adultos por suas peculiaridades, vimos
que a educação popular do EJA, se configurou como uma educação mais
assistencialistas, propostas e intervenções urgentes de caráter político, sendo
um dos campos da educação mais politizados, porém sem que o estado assumisse a
sua total obrigatoriedade, não se pode pensar que a formalidade da EJA vai
melhorar a qualidade da educação desses jovens e adultos, mais um olhar para as
suas especificidades e necessidades ajudaram na construção de uma sociedade
mais justa e igualitária, baseada no diálogo, valorizando seus saberes e
experiências que os tornam uma riqueza para o fazer educativo, fazendo da
educação popular a troca de saberes escolares e os saberes socialmente
construídos.
É
importante salientar que a educação de jovens e adultos é um terreno fértil à
discursões e problemáticos vistos que a maioria desses alunos é atores de
historias reais que vivem em constante ameaça da fome, drogas, violência, abandono,
enfim, dificilmente um professor poderá ser insensível, sendo apenas um frio e rígido
ensinante, dificilmente não serão contaminados pela indignação politica. Para
fazermos, Se fizermos de todo ato educativo um ato político no sentido de
desvendar as verdades forjadas para lubridiar as massas e moldá-las conforme os
interesses das classes dirigentes, temos que atribuir a importância que ao EJA
merece e cobrar do poder público a responsabilidade pela melhoria dessa etapa
da educação básica. Sendo assim,
possível ver em todo ato educativo um ato politico, entretanto e de suma
importância que essa problemática seja vista como responsabilidade pública.
Por
tudo isso se faz necessário que nasça dentro de cada pesquisador, educador,
professor, qualquer cidadão o desejo de transformar a realidade politica de
milhares de jovens e adultos que vivem excluídos de seus direitos básicos,
fazer da educação de jovens e adultos uma educação formal não será a solução
para o estado de abandono que a mesma se encontra, mas precisa que se
estabeleça metas, organize propostas pedagógicas especificas a essa modalidade
de ensino e sobretudo valorize a historia de cada individuo participante do
processo educacional, superando suas falhas e reconstruindo a cidadania desses
alunos, com politicas publicas eficazes e comprometida com a educação das
massas expoliadas.
É
válido, portanto, que o texto em destaque de autoria de Miguel Arroyo, sirva de
instrumento para discursão na área da pedagogia, em estudos acadêmicos que
precise de esclarecimentos na educação de jovens e adultos e em todo movimento
social que valorize essa modalidade de ensino, pois este nos mostra que ao
longo da historia a EJA avançou e pode ser hoje peça fundamental para a
formulação da nova conjuntura educacional que se encontra o nosso país.
A
reconfiguração da educação de jovens e adultos, nos mostra o momento em que se
cria um campo favorável à pesquisas, a existência de politicas públicas
eficientes e formação de educadores através das intervenções pedagógicas
reformuladas, além das varias produções teóricas que no presente são de suma
importância para a educação, mostra-se que o EJA é mais do que uma simples
modalidade de ensino, mas um terreno propicio a discursões e execução de
atitudes significantes no que tange a qualidade e compromisso com a nossa educação.
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