quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Educação de Jovens e Adultos


ARROUYO, Miguel; Educação de jovens - adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GEOVANETTI, Maria; GOMES, Nilma; (org.). Diálogo na educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
Resenhado por Vanessa da Costa Leite

A análise crítica do texto abordado de autoria de Miguel Arroyo intitulado Educação de jovens – adultos: um campo de responsabilidade pública tem como objetivos abordar as principais características e transformações da educação de
jovens e adultos no Brasil, direcionado aos pesquisadores da educação, acadêmicos e pessoas em formação que buscam uma opinião crítica da temática apresentada pelo autor que é formado em Filosofia e Teologia no Instituto Hispanoameri-cano de la Universidad Complutense de Madrid,
Graduado  em  Ciências  Sociais  na  Faculdade  de  Filosofia  e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG), Mestre em Ciências Políticas pela FAFICH/UFMG, além de PHD  em  Problemas  Políticos  da  Educação pela Stanford University, na Califórnia, Estados Unidos.  
Sendo a temática esclarecedora ao nos mostrar que o campo da educação de jovens e adultos percorre uma longa historia até aqui, porém, um campo ainda aberto a todo cultivo e onde vários agentes participam, apesar disso, um olhar precipitado nos dirá que as marcas da historia do EJA são marcadas pela indefinição, voluntarismo, campanhas emergenciais e soluções conjunturais, o que não deixa de em parte ser verdade, sendo essa análise do texto um dos requisitos avaliativo da disciplina do 5º semestre do curso de Pedagogia: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da educação de jovens e adultos, ministrado pela professora mestre Danielli Dias.
Neste texto Miguel Arroyo percorre distintas concepções históricas em que a EJA tinha o seu caráter educativo negado, que via nesses sujeitos a falta da escola e buscava suprir, suplementarmente, as ausências que a escolaridade havia provocado. Para além dessa perspectiva reducionista, o autor repõe a concepção da EJA, lastreada pelo movimento de educação popular, como direito a uma educação que deve partir dos jovens e adultos como sujeitos coletivos e que leve em consideração os conhecimentos, as memórias, os saberes e as identidades construídas ao longo de determinado ciclo de vida. São, enfim, sujeitos coletivos, que reclamam o direito à escolarização e questionam quando esse direito é empobrecido e reduzido a uma dimensão meramente escolar.
Contudo, nota-se que apesar dos avanços a sociedade continua a se preocupar e querer tomar a frente da obrigação do estado, os movimentos sociais em prol da educação de jovens e adultos, pelas associações, sindicatos entre outros tem isentando muitas vezes o estado de cumprir o seu papel no que diz respeito a execução das propostas voltadas para a educação de jovens e adultos, apesar delas terem hoje um trato mais profissional.
            De acordo com Miguel Arroyo os jovens e adultos que buscam se inserir na educação de jovens e adultos são pessoas que por décadas o olhar escolar os enxergou apenas em suas trajetórias escolares truncadas: alunos evadidos, reprovados, defasados, alunos com problemas de frequência, de aprendizagem, não concluintes da 1ª e 4ª series ou da 5ª a 8ª. Para ele com esse olhar escolar sobre esses jovens - adultos, não avançaremos na reconfiguração da EJA.
Nessa perspectiva, os jovens e adultos não podem continuar sendo vistos como alunos com carências escolares que não tiveram acesso a educação em idade propicia, precisa-se de um olhar mais cuidadoso pra esses que na sua maioria são trabalhadores em busca de uma melhoria na sua qualidade de vida e de sua família, pessoas que não precisam apenas de uma segunda oportunidade, mas que lhes garantam sua dignidade e cidadania, se apossando do que lhe é de direito: a educação, a saúde, segurança etc.. No entanto, em sua maioria vivem a margem das decisões políticas e sociais de sua própria comunidade, sendo assim, responsabilidade pública oferecer-lhes uma educação que respeite suas peculiaridades e valorize sua identidade cultural e social.
A educação de jovens e adultos nas políticas públicas, segundo o autor Miguel González Arroyo diz: nas ultimas décadas, a responsabilidade do estado avançou nas áreas em que a educação foi reconhecida como direito: o ensino fundamental de sete a 14 anos... e os outros tempos não são também tempos de direito?
O Estado tem se silenciado ao decorrer dos anos em vários aspectos educacionais, tem deixado de olhar às várias modalidades da educação entre elas a EJA.  Fica claro que o estado pouco tem investido nessa modalidade de ensino em especial, pois não se quer pessoas esclarecidas, com senso crítico e voz dentro da sociedade, haja vista que isso se configuraria uma ameaça à manutenção dos detentores do poder. Hoje a educação de jovens e adultos vai muito além de se ensinar a ler e escrever, estamos falando de consciência critica, capaz de tomar decisões plausíveis dentro da sociedade capitalista e excludente em que vivemos, onde educar esses jovens e adultos é construir armas de destruição para quem estar e quer permanecer no poder.
Acredita-se que somente através da luta coletiva por esses direitos é que se pode pensar em uma educação de qualidade para essa população que infelizmente vive a margem da sociedade. Por todo contexto de luta por melhoria da educação, a EJA não pode esperar pacificamente pelos seus direitos da cidadania a luta sempre fez e sempre fará parte da trajetória de busca pela dignidade de todos os envolvidos no processo educacional dessa modalidade de ensino.
Entende-se com a historia da educação de jovens e adultos por suas peculiaridades, vimos que a educação popular do EJA, se configurou como uma educação mais assistencialistas, propostas e intervenções urgentes de caráter político, sendo um dos campos da educação mais politizados, porém sem que o estado assumisse a sua total obrigatoriedade, não se pode pensar que a formalidade da EJA vai melhorar a qualidade da educação desses jovens e adultos, mais um olhar para as suas especificidades e necessidades ajudaram na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, baseada no diálogo, valorizando seus saberes e experiências que os tornam uma riqueza para o fazer educativo, fazendo da educação popular a troca de saberes escolares e os saberes socialmente construídos.
É importante salientar que a educação de jovens e adultos é um terreno fértil à discursões e problemáticos vistos que a maioria desses alunos é atores de historias reais que vivem em constante ameaça da fome, drogas, violência, abandono, enfim, dificilmente um professor poderá ser insensível, sendo apenas um frio e rígido ensinante, dificilmente não serão contaminados pela indignação politica. Para fazermos, Se fizermos de todo ato educativo um ato político no sentido de desvendar as verdades forjadas para lubridiar as massas e moldá-las conforme os interesses das classes dirigentes, temos que atribuir a importância que ao EJA merece e cobrar do poder público a responsabilidade pela melhoria dessa etapa da educação básica. Sendo  assim, possível ver em todo ato educativo um ato politico, entretanto e de suma importância que essa problemática seja vista como responsabilidade pública.
Por tudo isso se faz necessário que nasça dentro de cada pesquisador, educador, professor, qualquer cidadão o desejo de transformar a realidade politica de milhares de jovens e adultos que vivem excluídos de seus direitos básicos, fazer da educação de jovens e adultos uma educação formal não será a solução para o estado de abandono que a mesma se encontra, mas precisa que se estabeleça metas, organize propostas pedagógicas especificas a essa modalidade de ensino e sobretudo valorize a historia de cada individuo participante do processo educacional, superando suas falhas e reconstruindo a cidadania desses alunos, com politicas publicas eficazes e comprometida com a educação das massas expoliadas.
É válido, portanto, que o texto em destaque de autoria de Miguel Arroyo, sirva de instrumento para discursão na área da pedagogia, em estudos acadêmicos que precise de esclarecimentos na educação de jovens e adultos e em todo movimento social que valorize essa modalidade de ensino, pois este nos mostra que ao longo da historia a EJA avançou e pode ser hoje peça fundamental para a formulação da nova conjuntura educacional que se encontra o nosso país.
A reconfiguração da educação de jovens e adultos, nos mostra o momento em que se cria um campo favorável à pesquisas, a existência de politicas públicas eficientes e formação de educadores através das intervenções pedagógicas reformuladas, além das varias produções teóricas que no presente são de suma importância para a educação, mostra-se que o EJA é mais do que uma simples modalidade de ensino, mas um terreno propicio a discursões e execução de atitudes significantes no que tange a   qualidade e compromisso com a nossa educação.

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