GIRALDELLI, Jr. Paulo: História da
Educação Brasileira. 2° Ed. São Paulo: Cortez, 2006.
*Vanessa da Costa Leite
*Acadêmica de Pedagogia da Universidade do Estado do Amapá
O
MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA
O “Manifesto de 1932”29 foi
redigido por Fernando de Azevedo e,
pesar de representar tendências diversas de pensamento como as do
filósofo John Dewey e a do sociólogo francês Émile Durkheim (1858- 1917) entre
outros compunha uma autêntica e
sistematizada concepção pedagógica, indo da filosofia da educação até
formulações pedagógico-didáticas, passando pela política educacional. A
“educação nova deveria ser pragmática”, na medida em que não deveria servir aos
interesses de classes, mas, sim, aos “interesses do indivíduo”. Todavia, tal
indivíduo não poderia ser o indivíduo na sua “autonomia isolada e estéril”,
fruto da doutrina do “individualismo libertário” ligada à “concepção burguesa”
alimentadora da “escola tradicional”. Se a nova educação serviria somente ao
indivíduo, ela o faria fundada no “princípio da vinculação da escola com o meio
social”, meio este que, na atualidade moderna, estaria colocando como ideais da
educação a “solidariedade”, o “serviço social” e a “cooperação”.
QUEM
ERAM OS SIGNATÁRIOS DO MANIFESTO DE 1932
Assinaram o
“Manifesto” intelectuais que, no decorrer da década de trinta, assumiram
posições teóricas comprometidas com as reflexões fascistas: Raul Briquet,
professor de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina de São Paulo, nos seus
trabalhos de psicologia social não titubeou em classificar o típico
“comportamento do revolucionário” como o de alguém que é “produto de conflitos
emotivos infantis”. Todos foram, cada um com seu peso, teóricos importantes,
tendo contribuído para o crescimento da literatura pedagógica nos anos vinte e
trinta e, principalmente, no caso de alguns, contribuído especificamente para a
divulgação do ideário do movimento da escola nova no âmbito da filosofia da
educação, da política educacional e dos princípios pedagógico-didáticos.
Todavia, a marca fundamental do “movimento renovador” foi disputada pelas três
grandes figuras dos anos trinta no meio educacional: Fernando de Azevedo,
Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
“OS
CARDEAIS DO MOVIMENTO RENOVADOR”
Todos foram, cada um
com seu peso, teóricos importantes, tendo contribuído para o crescimento da
literatura pedagógica nos anos vinte e trinta e, principalmente, no caso de
alguns, contribuído especificamente para a divulgação do ideário do movimento
da escola nova no âmbito da filosofia da educação, da política educacional e
dos princípios pedagógico-didáticos. Todavia, a marca fundamental do “movimento
renovador” foi disputada pelas três grandes figuras dos anos trinta no meio
educacional: Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DOS ANOS TRINTA: O
IDEÁRIO LIBERAL
Em
educação, o ideário liberal foi uma vertente forte no período e, até os dias de
hoje, permanece como uma formulação agradável, bastante sedutora, que motiva as
pessoas a buscar educação e a legitimar as reivindicações pela expansão da rede
escolar e pela qualidade do ensino. Mesmo quando o liberalismo40, enquanto
doutrina política e social, caiu sob severa crítica, durante o final dos anos
trinta, por conta de ataques de comunistas e fascistas41 aos regimes liberais
democráticos, o ideário liberal no campo pedagógico não foi posto de lado. Tal
ideário teve vários teóricos e defensores em cargos governamentais no âmbito
federal, estadual e municipal. Suas diretrizes, de um modo geral, se fizeram
obrigatórias nos discursos de personalidades de formação diversa. É claro que,
nem sempre, tais discursos foram pronunciados com sinceridade. Francisco
Campos, por exemplo, autor da Constituição do “Estado Novo” e militante de
grupos autoritários, pró-integralistas,
IDEÁRIO CATÓLICO
A
Igreja
Católica combateu a filosofia do pragmatismo americano e os teóricos do
movimento da escola nova no Brasil, principalmente nos que haviam incorporado
alguma coisa das leituras que fizeram de John Dewey. Todavia, há bastante
diferença entre o combate que os educadores católicos empreenderam contra o
movimento da escola nova e a fúria da hierarquia católica contra as pedagogias
libertárias da década de 1910, dos grupos seguidores de Ferrer e outras formas
de pedagogias libertárias. Os ataques dos intelectuais católicos não atuaram às
cegas. Alceu Amoroso Lima intuiu corretamente que combatia um ideário
pedagógico forte, e que mais cedo ou mais tarde teria de compactuar com alguns
de seus pressupostos, inclusive para somar forças contra o que eles, na época,
diziam ser o inimigo principal: a “pedagogia proletária” (na linguagem dos
católicos dos anos trinta). Daí que, entre 1930 e 1931, Alceu Amoroso Lima
deixou um espaço de negociação que, logo mais, seria aproveitado no sentido da
construção do escolanovismo católico.
IDEÁRIO INTEGRALISTA
Os
ideários católicos e integralistas, apesar do conservadorismo, não podem ser
confundidos. Aliás, âmbito da movimentação políticos católicos e integralistas
não fundiu suas entidades exatamente por causa de divergências teóricas. Igreja Católica utilizou da AIB (Ação
Integralista Brasileira) para sua pregação anticomunista até mais ou menos
1937, quando optou por aconselhar os fiéis a “cerrar fileiras em torno dos
governantes” — e não mais na AIB — na “cruzada contra o bolchevismo”. O problema
da cultura foi tomado como uma questão fundamental. A cultura foi invocada pela
“nada se poderá fazer de duradouro”. A cultura da inteligência e do espírito e
não a simples aprendizagem mecânica de letras e algarismos é que lhe seria
necessária para a formação do brasileiro. Daí a necessidade, segundo a
Cartilha, de dar uma função educacional aos sindicatos. Na visão do
integralismo que buscou a concretização do chamado Estado Corporativo, que se
formaria pelos grupos naturais, como a família, as sociedades científicas,
religiosas e artísticas e os sindicatos profissionais, com a exclusão dos
partidos políticos porque eles seriam artificiais e fracionadores da nação
IDEÁRIO COMUNISTA
Darwin Hoernie
conseguiu explorar pontos significativos sobre a reflexão educacional, da ótica
dos comunistas pontos que se repetiram, nos anos setenta, em várias discussões
entre marxistas revolucionários e não revolucionários no campo da educação
brasileira. Entre as esquerdas (em nosso país e no Exterior) há um debate clássico
a respeito de que as transformações devem ser atingidas por reformas ou por
revolução. Este debate tem altos e baixos. Quando se pensa que ele se tornou
completamente obsoleto, ele reaparece. A educação é, então, um eterno problema
para o pensamento de esquerda. Pois, tomando o debate em termos formais, as
esquerdas em geral não sabem o que fazer com a educação escolar enquanto está
vigente o capitalismo que elas querem ou extinguir ou modificar. Depois da
revolução o mesmo acontece, pois sendo o comunismo uma ditadura ele acaba por
impor censuras ao projeto educacional que antes ele havia incentivado a ser
“crítico”.
A EDUCAÇÃO NA CONSTITUINTE DE 1933-1934
A educação nacional
deveria ser democrática humana e geral, leiga e gratuita. Por democrática o documento
entendeu a educação destinada a oferecer a todos os brasileiros as mesmas
oportunidades de ordem educacional limitadas tão somente pelas suas diferentes
capacidades. Por humana o documento entendeu a educação destinada à formação
integral do homem e do cidadão. E a educação deveria ser geral, leiga e
gratuita para que não houvesse possibilidade de restrição ou diversificação
entre os educando de ordem social, doutrinária, religiosa ou econômica. O
documento apoiou-se, para a defesa de uma educação democrática, humana, geral,
gratuita e leiga na consciência brasileira. O texto da ABE enfatizava: Ora, os
princípios assentados no anteprojeto encontraram a sua justificativa,
exatamente, nesse grande esforço de fugir às divisões e lutas de classes e de
religião, para fundar, deste lado do Atlântico, uma nação livre, social e
espiritualmente, e cujos filhos tenham, todos, oportunidades proporcionais às
suas capacidades.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Durante a década de
1930 com a industrialização e urbanização do Brasil e a necessidade de formar
mão de obra, não mais a braçal e sim a profissionalizante, dando oportunidade
aqueles que queriam sair do trabalho do campo, passando a investir em na sua
educação profissional. Vargas não estava desatento a tais mudanças e as
implicações delas em relação a educação. Como chefe do governo provisório, em 3
de outubro de 1930 trouxe para o publico um plano para a “reconstrução
nacional”. O “Manifesto de 1932”29 foi redigido por Fernando de Azevedo, Ostentando
o significativo subtítulo “A reconstrução educacional do Brasil — ao povo e ao
governo”, o texto iniciou dizendo que dentre todos os problemas nacionais nem
mesmo os problemas econômicos poderiam “disputar a primazia” com o problema
educacional. A marca fundamental do “movimento renovador” foi disputada pelas
três grandes figuras dos anos trinta no meio educacional: Fernando de Azevedo,
Anísio Teixeira e Lourenço Filho. O ideário liberal foi uma vertente forte no
período e, até os dias de hoje, permanece como uma formulação agradável,
bastante sedutora, que motiva as pessoas a buscar educação e a legitimar as
reivindicações pela expansão da rede escolar e pela qualidade do ensino. O
cardeal D. Leme, sabendo que a formação superior no Brasil não tinha uma
tendência religiosa e tendo compreendido a importância da formação de
intelectuais católicos capazes de uma militância social-político-pedagógica
eficaz, incentivou uma série de iniciativas culturais, organizativas e
políticas ligadas à Igreja. Os ideários católicos e integralistas, apesar do
conservadorismo, não podem ser confundidos. Aliás, âmbito da movimentação
políticos católicos e integralistas não fundiu suas entidades exatamente por
causa de divergências teóricas. Igreja
Católica utilizou da AIB (Ação Integralista Brasileira) para sua pregação
anticomunista até mais ou menos 1937, quando optou por aconselhar os fiéis a
“cerrar fileiras em torno dos governantes” e não mais na AIB na “cruzada contra
o bolchevismo”.
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